sexta-feira, 2 de outubro de 2009

DEPENDÊNCIA QUÍMICA E CODEPENDÊNCIA
COMO AJUDAR UM DEPENDENTE QUÍMICO QUE NÃO QUER AJUDA

UMA DOENÇA PRIMÁRIA: A dependência química é uma doença primária – o que significa que pessoas dependentes devam ser tratadas da dependência antes de poder tratar os outros problemas relacionados a esta. Por exemplo: pouco se pode fazer por um alcoólatra que tenha pancreatite se ele não parar de beber. Ou às vezes, no caso de um alcoólatra que esteja bebendo e que fora taxado de maníaco-depressivo, os sintomas parecem diminuir ou desaparecer totalmente depois que a pessoa pára de beber. Também a maioria dos especialistas que tratam da dependência química considera-a como sendo primária;ela causa outros problemas de saúde – não é conseqüência. Por enquanto, os estudos que relacionam o alcoolismo e outras farmacodependências a predisposições genéticas ou de personalidade, ou a desequilíbrios químicos no corpo, não foram conclusivos. Nos termos mais simples, o álcool é a causa do alcoolismo – mas os pesquisadores não sabem ainda explicar por que uma,em cada dez pessoas que bebem,torna-se alcoólatra. Felizmente, sabemos que as pessoas quimicamente dependentes podem ser não apenas tratadas como recuperadas.
UMA DOENÇA PROGRESSIVA: Como tantas outras, a dependência química é uma doença progressiva – e, se não tratada, fatalmente piorará. Pode ocorrer a morte como conseqüência da falência de funções orgânicas. por um colapso geral no sistema imunológico do corpo,acidente ou suicídio. A natureza progressiva do alcoolismo já foi detalhada por várias autoridades. Já foram identificados quatro estágios na progressão do alcoolismo, que podem ser aplicados a outras formas de dependência química.


(1ª) Fase da aprendizagem: é experimentada por todos os que ingerem, por razões “recreativas” ou a conselho médico, substâncias que lhes afetem o humor. Nessa fase, a pessoa que se vê diante do álcool ou de outra droga sente seu uso como uma experiência geralmente agradável. É típico que, nesse primeiro estágio, estabeleça-se uma relação amigável e agradável entre a pessoa e a substância química que ingere.
(2ª) Procura de mudança de humor: o usuário estará buscando a sensação agradável que ele associou ao uso da droga.
(3ª) Dependência prejudicial: perda do controle sobre o vício (por exemplo, alcoolismo); a pessoa tenta controlar-se, prometendo beber somente após o horário de trabalho ou nos fins-de-semana, mas raramente mantém tais promessas. então,o uso do álcool passou a ter fortes conseqüências,como por exemplo,a ter problemas financeiros,as velhas amizades começaram a minguar,as pessoas deixaram de convidá-lo para as festas e ele deu-se conta de que sua vida,e o hábito de beber,já não eram mais tão divertidos.
(4ª) Usando a droga para sentir-se normal: A pessoa bebe para afastar os terríveis sintomas de ansiedade e da síndrome de abstinência. Beber tornou-se uma compulsão para a pessoa. Piora os sintomas físicos a ponto de ele chegar a ter blecautes freqüentes. sofre depressões profundas e prolongadas até que,por fim,para de encontrar-se com as pessoas.Embora a velocidade da progressão varia de pessoa para pessoa,a natureza dela é incrivelmente semelhante em todas – seja para as pessoas que dependam de comprimidos receitados,seja para os dependentes de drogas ilícitas ou para os que tomem coquetéis na taberna da esquina.





DOENÇA CRÔNICA: A dependência química é crônica, não apenas uma condição temporária como aparece com a gripe. Já que os padrões de uso variam e enganam, o diagnóstico nem sempre é fácil. Por exemplo: um alcoólatra que bebe esporadicamente, passando semanas, meses, até anos entre uma bebedeira e outra, pode parecer desafiar a natureza crônica da doença. Ainda assim, a doença está apenas interrompida por períodos “secos”. Sintomas e conseqüências surgem em grau maior quando essa pessoa recomeça a beber. Um ditado comum para esse caso: ”Se você recomeçar a beber, recomeçará exatamente de onde interrompeu”. E isso acontece com qualquer produto químico que crie dependência.
A aceitação do fato de que a dependência química é realmente doença levou muitas famílias e assistente social a procurar ajuda para os alcoólatras e outros farmacodependentes.
Conquanto o conceito de doença torne a dependência química mais fácil de ser identificada e, portanto, tratada, ele também leva a certos enganos. Algumas pessoas presumem que, por ser a dependência química uma doença, ela possa ser “curada”. Existe confusão sobre a diferença entre as doenças crônicas e agudas. As agudas como apendicite, podem ser realmente curadas. A escarlatina e o sarampo atacam uma só vez e o doente se torna imune. Porém, doenças crônicas como o diabetes e a dependência química não se curam: podem, no máximo, ser detidas com cuidados bem específicos. Não existe o “dependente de drogas curado” ou o “ex-alcoólatra”: apenas dependentes em recuperação cujas doenças foram detidas.
O conceito de doença pode, ainda, levar à negação do doente da responsabilidade pela própria recuperação. Ocorre, às vezes, dele entregar essa responsabilidade a médicos ou psicoterapeutas. Ou pode dizer: ”Se não tem cura, para que a tentativa?”.
A resposta adequada é que, para o dependente, a vida pode ser bem mais saudável física, emocional e espiritualmente, e infinitamente mais compensadora, sem o uso da substância química.
OS SINAIS E OS SINTOMAS DA DEPENDÊNCIA QUÍMICA
A NEGAÇÃO: Como as outras doenças, a dependência química é caracterizada por um conjunto único de sintomas. O mais gritante deles é a negação – a negação de que a droga esteja sendo usada com abuso ou causando complicações aos usuários e companheiros. A negação pode ser manifestada de formas diversas, que incluem a minimização do problema, a racionalização e a projeção. Há dependentes que demonstram todas elas.
Usam a minimização para negar a progressão da doença, tanto para si própria como para os demais. Exemplo: “Só tomo um par de drinques no final da tarde”. Só que o dependente não diz que seus drinques são duplos, ou que “um par” é, na verdade, três ou quatro copos, e que o final da tarde geralmente começa logo após o almoço.
Usam a racionalização quando se tornam incômodos com o uso de álcool e outras drogas e logo acham motivos. Exemplo: “Se você tivesse de agüentar o tipo de pressão que eu encaro no serviço, você tomaria uma e outras também”.
A projeção é usada para negar-se a real situação e culpam os outros. O que for emocionalmente inaceitável ao dependente químico é atribuído a outra pessoa. Exemplo: “Se você pensa que eu fumo muita maconha é porque nunca viu meu marido. Foi ele quem me ensinou a fumar. Se existe um problema,é ele que o tem”.
BLECAUTES E ILUSÕES
Quando a dependência química progride, as defesas do dependente se tornam muito rígidas quanto previsíveis – e são amparadas por outro sintoma da doença, as ilusões sinceras, que tornam os dependentes incapazes de compreender suas reais situações. Embora sejam conhecidos por mentirosos, os dependentes podem, de verdade, ignorar fatos passados ou planos que eles mesmos fizeram para o futuro.


As ilusões podem ser resultados de BLECAUTES (amnésias) induzidos química ou psicologicamente, ou de lembranças imprecisas de comportamento, as chamadas lembranças falhas. Não se sabe o que inicia ou interrompe um blecaute. Contudo, podemos afirmar que um blecaute induzido quimicamente provoca uma amnésia que podem durar minutos, semanas, ou mais tempo. Uma vez passada a amnésia, o dependente de drogas, muito provavelmente, será incapaz de lembrar-se do que ocorreu durante o blecaute.
Alguns dependentes de drogas conscientizam-se de seus blecautes quando percebem existir um período em branco em suas memórias; mas há blecautes que não são nem mesmo conscientizados. De qualquer forma, as amnésias provocam confusão, raiva, medo ou mesmo sentimentos de loucura, tanto por parte do dependente quanto pela de seus familiares e amigos. O dependente acaba por esquivar-se da situação através de subterfúgios defensivos,afasta-se da sociedade,agride e usa outras técnicas que dissimulem suas preocupações em relação ao seu comportamento inadequado. Pode também tornar-se paranóico. A conseqüência de tais blecautes atinge os membros da família do dependente: eles se isolam, sentem-se deprimidos, irados, impotentes. A confusão resultante dos blecautes é tão grande que alguns familiares procuram aconselhamento individual, acreditando que suas próprias memórias e percepções estejam falhando (“Devo estar perdendo a cabeça”).
Os blecautes induzidos psicologicamente são lembranças que o paciente conseguiu reprimir – dolorosas e inaceitáveis no plano da consciência. Vergonha culpa e remorso vão crescendo de tal forma que o doente acaba por esquecer o incidente causador desses sentimentos. Os blecautes não são, necessariamente, para sempre: há terapias que conseguem levar o paciente a reavivar sua memória e trazê-la a um plano de consciência. É claro que, até certo ponto, todo reprimiu incidentes incômodos e dolorosos de nossas vidas; porém, nos dependentes, esse tipo de repressão geralmente será mais freqüente e radical. Embora alguns dependentes jamais experimentem blecautes, a probabilidade de serem vítimas deles aumenta à medida que a doença progride.
A lembrança falha ocorre quando um dependente relaciona um sentimento a uma lembrança distorcida de um comportamento passado. A lembrança falha pode ser eufórica. A lembrança falha pode ser apocalíptica. O sentimento de culpa ou remorso do dependente está tão enraizado que muitas de suas lembranças pincelam-se de ódio por si próprio.
A PREOCUPAÇÃO CRESCENTE E OUTROS SINTOMAS
A relação de um dependente com a droga que escolheu leva-o a outros sintomas: uma preocupação crescente com sua droga, a automedicação, a necessidade de garantir seu suprimento, e variações na maneira de usá-la são sinais importantes de que a doença está progredindo.
Os dependentes terão preocupação de se programar para poderem usar tranquilamente a droga e evitar situações que dificultam o beber ou o uso. Também poderão falar sobre drogas em momentos inapropriados.
Os dependentes, invariavelmente, querem assegurar uma fonte sempre disponível de sua droga e isso pode levá-los ou ao racionamento ou ao acúmulo do que precisam; poderão esconder garrafas ou comprimidos pela casa, carro, escritório ou outro lugar qualquer.
Além de se preocupar com o fornecimento da droga, é típico dos dependentes perderem o interesse por usar a droga apenas socialmente. Agora a meta do uso é ficar ligado – é evitar a sobriedade. Se outras pessoas podem atrapalhar sua rotina, o dependente vai começar a drogar-se sozinho.
O uso rápido é outro sintoma da dependência. Os dependentes químicos querem resultados imediatos.
Muitos dependentes usam suas drogas impulsivamente, sem qualquer consideração prévia do que lhes possa ocorrer. Este uso espontâneo, muitas vezes totalmente inapropriado e ilegal, pode envolver riscos.

Outro sintoma da progressão da dependência química é a tolerância crescente. À medida que progride a doença, os dependentes geralmente precisam de mais drogas ou álcool para alcançar o “barato” desejado. Essa tolerância crescente é parcialmente responsável pela rápida ingestão, pelo uso escondido e pela compra de quantidades de droga cada vez maiores. Ironicamente, a maior tolerância é mal interpretada por muitas pessoas que pensam ser ela sinal de que a vítima não é dependente, pois elas vêem o dependente consumir grandes quantidades sem se mostrar alterado.
No último estágio da dependência química, sobretudo do alcoolismo, os dependentes também manifestam uma tolerância invertida. Quantidades menores da química bastam para alcançar o efeito desejado e afastar os sintomas da Síndrome da Abstinência. Embora a tolerância invertida seja um sinal claro da dependência química, muitos outros sinais se manifestarão antes dela. De fato, a maioria dos alcoólatras morrerá antes de experimentar a tolerância invertida. Infelizmente, muitas vezes os dependentes e seus familiares interpretarão mal este sintoma perigoso, como se ele fosse um sinal de melhora.
A DETERIORAÇÃO EM VÁRIAS ÁREAS DA VIDA
A deterioração nos relacionamentos é sinal de dependência. É típico que os dependentes químicos manifestem um comportamento anti-social que resulta na perda de velhas amizades, freqüentemente substituídas por novos relacionamentos com outros dependentes, sobretudo de um nível social e econômico mais baixo. Geralmente,restringem atividades da comunidade e da família. A dissolução de relacionamentos familiares próximos pode resultar em divórcio, crianças que fogem de casa e um alto nível de estresse nos membros da família.
Os profissionais, empregadores e amigos deviam estar atentos à dor e aos sintomas daqueles chegados aos alcoólatras, os codependentes. Muitos conselheiros experientes em assessorar dependentes químicos acreditam que é tão fácil identificar um codependente quanto um dependente.

A deterioração do desempenho no serviço pode ser uma chave. O dependente vai se tornando frágil e inexplicavelmente mal-humorado no serviço; porém, nem sempre o seu desempenho decresce visivelmente. Muitos alcoólatras e outros abusadores de drogas mostram-se normais no emprego enquanto suas vidas pessoais já estão desmoronando. Apesar do esforço do dependente de ajeitar as coisas no trabalho – o que amiúde requer um esforço supremo – os colegas e supervisores freqüentemente sentem quando o uso do produto químico está se tornando um problema.
Da mesma forma, um estudante que seja dependente químico pode registrar uma queda nas suas notas; a assistência às aulas torna-se esporádica e ele começa a faltar a outros encontros marcados. Os professores devem-se dar conta de que um estudante aparentemente bem, tal como o dependente cujo desempenho na fábrica é normal, pode manifestar pouca mudança no seu rendimento, mas ter problemas com as substâncias químicas fora do ambiente da escola.
Existe também uma deterioração espiritual. Os valores pessoais mudam à medida que o comportamento viola os princípios em que o dependente vinha acreditando até então. Enquanto a droga assume o lugar principal na vida do dependente, as forças e princípios espirituais enfraquecem. Uma manifestação externa, muitas vezes, é a diminuição de comparecimento às instituições religiosas. Um amigo membro da igreja poderá desistir de freqüentá-la de vez.
OS SINTOMAS FÍSICOS
Além das mudanças claras de comportamento e atitudes, os dependentes também podem manifestar uma gama ampla de sintomas físicos, alguns visivelmente observáveis, enquanto outros detectados apenas com avaliação médica. Não nos cabe examinar esses sintomas físicos, mas é importante eliminar a noção de que os dependentes, necessariamente, exibirão uma deterioração física séria, mesmos nos últimos estágios da dependência. Alguns dependentes parecem saudáveis, enquanto outros exibem sintomas dramáticos.

O cinema e a televisão muitas vezes retratam os alcoólatras como palhaços tristes, mas engraçados, ou como vagabundos perdidos. Com freqüência, os farmacodependentes são retratados como gente de rua, vivendo à margem da sociedade, ou como ricos alegres de Hollywood. Esses estereótipos são grosseiramente errôneos; deixam de representar mais de 95% da população dependente. Os alcoólatras decididamente não são palhaços. Aliás, é notória a falta de humor e alegria em suas vidas. E muito poucos dependentes químicos acabarão ou na sarjeta ou em capa de revista.
Os médicos e assistentes sociais precisam lembrar que a dependência química é realmente uma doença democrática. Ela atinge a todas as idades e classes sociais. Inclui todas as raças, nacionalidades e religiões. Homens e mulheres são igualmente vulneráveis. Alguns dependentes são viciados em opiatos e vivem nas ruas, enquanto outros se apegam a tranqüilizantes receitados. Alguns gastam milhões por mês com suas substâncias químicas; outros gastam relativamente pouco. Alguns se tornam criminosos; outros, nunca tiveram problemas legais. A vida de alguns se deterioram visivelmente, enquanto outros parecem ser verdadeiros modelos de saúde. Alguns são detestáveis; outros dóceis. Enfim, qualquer um pode ser um dependente químico.
As estatísticas americanas sobre o uso do álcool indicam que uma,em cada oito pessoas que bebem,experimentará problemas sérios em decorrência da bebida; e cada dependente afeta intimamente uma média de cinco ou seis outras pessoas. Todos os produtos químicos que alteram o humor, sejam eles considerados fisicamente adictivos ou não, tem um perigoso potencial de criar dependência. A dependência química é, de fato, uma epidemia!





A DEPENDÊNCIA QUÍMICA E A FAMÍLIA
Os problemas dos dependentes de álcool e outras drogas não são sofridos em isolamento, pois virtualmente todo dependente químico afeta outros – especialmente os que vivem mais próximos a eles. Aliás, s dependência química é comumente chamada “doença da família”. Costuma existir um envolvimento tão grande e tão visível entre os familiares e os problemas e sintomas do doente que o termo co-dependência foi inventado para descrever tal situação. Embora não existam duas famílias iguais ou que respondam à dependência química da mesma forma, há temas, sentimentos e comportamentos comuns que prevalecem em quase toda família que abriga um dependente.
OS ESTÁGIOS DA DOENÇA DA FAMÍLIA
Da mesma forma que o dependente vai, progressivamente, sofrendo as influências do uso do álcool ou outras drogas, sua família também passa a ser afetada em estágios previsivelmente progressivos.
Numa primeira etapa, os familiares começaram a experimentar ansiedade em decorrência do uso de droga pelo dependente. Embora todos na família neguem que exista um problema de bebida ou drogas, os relacionamentos entre eles vão se tornando cada vez mais tensos. Surgem discussões e as pessoas deixam de falar a respeito daquilo que realmente acreditam e sentem.
Durante o segundo estágio, a família inteira passa a se preocupar com o uso de substâncias químicas por parte do dependente. Ao mesmo tempo em que se ilude a respeito da doença, tenta controlar o uso ou as conseqüências do abuso de drogas por parte do dependente. Desgoverna-se a vida familiar à medida que os membros desenvolvem sintomas físicos e emocionais e, freqüentemente, se afastam do convívio social. Um acordo,implícito ou explicito,conhecido como a regra do “não falar”,entra em vigor:não se discute o assunto para que se mantenha a ilusão de que “o uso de produtos químicos não está causando problema algum nesta família;estamos lidando com ele muito bem,sem a ajuda de quem quer que seja”.
No terceiro estágio, os membros da família assumem papéis rígidos e previsíveis. Tornam-se “facilitadores” do problema e desenvolvem sérias disfunções. Nesta fase, é comum negar o sofrimento emocional e outros sentimentos.
Durante o quarto estágio, poderão ocorrer crises graves na família. À medida que os membros, cansados, procuram maneiras de fugir à situação insustentável, pode ocorrer um afastamento emocional completo ou divórcio – ou, até mesmo, um suicídio ou homicídio. Ao mesmo tempo, a família provavelmente continuará a ter sentimentos forte protetores do dependente. O fato é que esse último estágio caracteriza-se pela exaustão emocional.
OS SENTIMENTOS
Com a progressão da doença, os familiares experimentam toda sorte de sentimentos, entre os quais:
A raiva: é tamanha a raiva dirigida ao comportamento do dependente que os co-dependentes parecem estar freqüentemente irados;
O ressentimento: é nítido o ressentimento dos co-dependentes em relação às atitudes esquisitas, às promessas quebradas, à desonestidade que caracteriza o comportamento do dependente;
A dor: é doloroso não apenas observar como participar da desintegração do dependente e da família;
A vergonha: os co-dependentes envergonham-se do comportamento embaraçoso do dependente e acabam sentindo vergonha de si próprios, sobretudo quando se percebem impotentes diante da situação;
A culpa: os membros da família sentem-se culpados e culpam-se uns aos outros por causa dos problemas gerados pelo uso da droga. As crianças, em especial, se acham culpadas por “causar” os problemas. “Se eu tirasse notas melhores na escola (fosse selecionado para a equipe, baixasse o som do meu estéreo), talvez mamãe não bebesse assim”;
A solidão: os co-dependentes se sentem isolados tanto uns dos outros, dentro da família, como do resto da sociedade;
O medo: eles temem o futuro, o desconhecido, possíveis acidentes, discussões, a violência e a ruína financeira. A ansiedade ocorre até mesmo nos fins-de-semana,quando há festas ou encontros de família;
A perda de contato com o plano real: a progressão da doença acarreta a incapacidade da família de continuar amando ou preocupando-se com o membro dependente. Uns começam a se distanciar dos outros e, com a dissolução de uma comunicação saudável, todos se tornam emocionalmente alienados e passam a viver uma situação mentirosa, baseada somente nas ilusões.
A FACILITAÇÃO
A facilitação é qualquer comportamento que, mesmo vindo com boas intenções, serve para proteger o dependente das conseqüências do uso da droga, contribuindo para que a doença do dependente e a situação dos co-dependentes piorem. Exemplos de comportamentos facilitadores:
Negar que o uso da bebida ou droga constitui um problema primário;
Evitar problemas e conflitos que, possivelmente, ”causem” o uso de álcool ou drogas por parte do dependente;
Minimizar os problemas ocorridos em decorrência do abuso da droga pelo dependente;
Racionalizar a situação, defendendo o comportamento cada vez mais inadequado do usuário de droga como sendo conseqüência de outros fatores;
Proteger o dependente das conseqüências naturais e lógicas do uso de químicos;
Controlar situações e pessoas com a finalidade de regular o uso das substâncias químicas;
Desejar e aguardar que “a situação melhore – é só ter paciência”;
Praticar a regra do “não falar”;
A regra do “não falar” vigora em famílias nas quais existe o problema da dependência química e é a síntese da negação desse problema. Enquanto não se desiste dessa regra, as possibilidades de recuperação da família são praticamente nulas.
PAPÉIS ADAPTÁVEIS
Há um consenso entre os especialistas no tratamento de famílias dependentes e as próprias famílias sobre o fato de que existem maneiras previsíveis de se adaptar ao problema da dependência química – o que, de forma alguma, exclui a dor singular por que passam os familiares do doente.
A maneira que os indivíduos de uma família que luta contra alcoolismo ou dependência de drogas encontram para ajustar-se à nova situação é, tão simplesmente, tentar adaptar-se a ela. Como o problema é crônico e progressivo, há muita motivação para que cada membro encontre um jeito de manter o equilíbrio emocional. É quase impossível que consigam alcançar a meta desejada enquanto perdurar o uso da droga; apesar disso, cada co-dependente tenta sobreviver emocionalmente adotando um, ou até mais de um papel familiar específico.
A FACILITADORA PRINCIPAL
A facilitadora principal de uma família freqüentemente o cônjuge do doente, é a pessoa que lhe está mais próxima e com a qual ele mais conta. Seus sentimentos mais nítidos são a raiva, a preocupação e o ressentimento reprimidos. Embora tenda a criticar, ao mesmo tempo sente-se culpada, iludindo-se com a idéia de que poderia ter feito mais pelo dependente. A facilitadora principal freqüentemente:
Torna-se por demais responsáveis pelas obrigações do dependente;
Protege-o de tal forma das conseqüências do uso que acaba por adiar uma crise que, eventualmente, poderia motivar o tratamento e recuperação;
Tenta manipular pessoas e controlar situações com a finalidade de eliminar quaisquer motivos que pudessem levar o dependente a fazer uso das drogas;
Luta para conseguir uma vida menos dolorosa dentro da família;
Torna-se alguém com preocupação crônica;
Ilude-se sobre sua própria situação e aceita as projeções do dependente, assumindo a culpa por “causar” os problemas químicos;
Negligenciam-se na alimentação, exercícios físicos, necessidades emocionais e sexuais;
Sofre sintomas físicos relacionados ao estresse, como dores de cabeça, problemas gastrintestinais, nervosismos, dores nas costas;
Afasta-se de atividades sociais, tanto porque o comportamento do dependente é cada vez mais anti-social como porque, ela própria, não tem mais nem tempo nem energia para um convívio social efetivo;
Torna-se cada vez menos eficiente em seu emprego, chegando a faltar ao serviço;
Corre perigo de depender de remédios com receita médica ou de tornar-se alcoólatra. Poder á começar a abusar das drogas na tentativa ilusória de ir controlando o dependente (“Se eu tomar uns drinques com ele, talvez não se exceda”);
Se divorciar-se deste, tem grande probabilidade de casar com outro dependente químico;
A facilitadora principal é o pessoal da família com maior probabilidade de iniciar uma intervenção. Por dois motivos: por ser habitualmente responsável ao extremo e por ser a pessoa que mais tentou, sem êxito, ajudar o dependente de outras maneiras.
O HERÓI DA FAMÍLIA
O Herói da Família é, geralmente, o filho mais velho, cuja incapacidade de ajudar o dependente provoca-lhe sentimentos de fraqueza e culpa. Como espera muito de si e dos demais, fica com raiva quando as expectativas se frustram – porém, nega e reprime esta raiva: acha que ele não pode e não deve sentir-se irado. Então ele:

Aprende que a melhor maneira de evitar confusões, tanto com o dependente como com a facilitadora principal, é mostrar-se perfeito, buscando formas de dar a todos exatamente o que querem;
Tenta ajudar-se sendo útil à família, porém a patologia da família frustra este objetivo;
Torna-se estudante exemplar e é capaz de sobressair-se, também, nos esportes, na música e noutras atividades;
É visto pelos demais como alguém bem-sucedido. O herói propicia à família uma sensação de êxito;
Nega que existam sentimentos negativos;
Aprende e ensina a regra do “não falar”;
Exige demais de si e desenvolve sintomas psicossomáticos comuns às pessoas que trabalham demais (workaholics); Enxaquecas, úlceras, doenças circulatórias;
Torna-se tão crítico que exige esforço concentrado de todos para que as coisas melhorem;
Prefere a admiração e o respeito à intimidade e ao amor;
Freqüentemente mostra resistência ao tratamento da família por ter construído, cuidadosamente, uma fachada de força;
Pode tornar-se facilitador principal de uma nova família;
Sente propensão a dedicar-se a serviços sociais ou a assumir papéis de supervisão em seu trabalho, pois se percebe bem mais à vontade liderando que obedecendo.
O BODE EXPIATÓRIO
O Bode Expiatório, geralmente o segundo filho, costuma ter raiva dos pais, do mundo e de si mesmo. A raiva encobre os sentimentos dolorosos de um proscrito. A culpa e a vergonha são sentimentos comuns nesta criança, e o bode expiatório:
Afasta-se do convívio familiar, fugindo de casa, rejeitando valores e normas da família, fugindo de casa, rejeitando valores e normas da família – podem fugir da realidade usando, também ele, substâncias químicas;
Desvia a atenção da família do problema central, que é a dependência, comportando-se de forma aberrante e anti-social;
Luta de todas as formas, para não sentir-se apagado na família;
Freqüentemente tem problemas de comportamento na escola ou com autoridades;
Procura encontrar a intimidade e a autovalorização que estão faltando na família. As meninas que são bodes expiatórios podem ficar grávidas ainda na adolescência;
Finge não se importar com coisas que o cercam;
Tem grande risco de suicidar-se;
Pode explorar amigos e demais pessoas que o cercam na tentativa de melhorar sua situação;
É muito sensível: se receber tratamento adequado poderá ser capaz de ajudar a outros necessitados;
O comportamento do bode expiatório pode criar uma crise que os profissionais experientes possam usar para avaliar se existe um problema de dependência química na família.
A CRIANÇA PERDIDA
A Criança Perdida, muitas vezes a terceira da família, costuma alienar-se de todos e tornar-se uma solitária. Conseqüentemente, sente-se indigna e o pior é que ninguém na família se dá ao trabalho de demovê-la da idéia que tem de si própria. Então, a criança perdida:
É passiva e pouco espera de si e dos outros;
Tem dificuldades em se relacionar afetivamente;
Mal consegue fazer escolhas ou cumprir compromissos. Por via das dúvidas,seguem os outros.;
É provável que seja ineficaz, mas se dá bem porque não causa problemas;
Poderá ser um alívio para as tensões familiares porque esta sonhadora não cria problemas. Ajuda a família a manter a ilusão de normalidade;
É provável que tenha problemas de doença ou de peso excessivo, os quais lhe proporcionam maneiras de receber atenção sem ter de pedi-la;
Na verdade, a criança perdida tem boas chances de recuperar-se se ingressar em Ala teen (ou Al-Anom, como filho (a) adulta (a) de um dependente). A recuperação se baseia no desenvolvimento da sensibilidade, assertividade e autoconfiança.
A MASCOTE DA FAMÍLIA
Ocorre de ser, com freqüência, a caçula. Sua auto-estima baseia-se na habilidade de conseguir divertir os outros. Como um palhaço, a mascote tenta trazer alguma alegria a uma família assoberbada por dor mascarada. A mascote:
É irrequieto, frágil, imaturo;
Tem dificuldade em estabelecer suas próprias prioridades e compromissos;
Mantém os rituais da família, o que gera certo ambiente de bem-estar;
Não é levado a sério e aprende a não levar a sério, mas demanda atenção e pode tornar-se hiperativo;
É provável que seja inteligente e engenhoso, porém com capacidade limitada de concentração e tolhido em sua sensibilidade e grau de compreensão;
Terá dificuldades para amadurecer e desenvolver relacionamentos, pois provavelmente será manipulador e dominador;
Tem grandes possibilidades de viciar-se em pílulas com receita médica;
Mas pode recuperar-se se conseguir desenvolver a confiança de que outra postura de vida é possível, emocionalmente seguro, e potencialmente mais satisfatório.


QUANDO A FAMÍLIA RESISTE
Obviamente, as famílias com dependência química sofrem muitos conflitos. Desenvolvem papéis rígidos para lidar com um estresse que nunca é discutido abertamente. Vivem com medo do futuro e sofrem da negação da realidade e das conseqüências contraproducentes de comportamentos facilitadores.
Não é de se estranhar que muitas famílias resistam esforços externos para intervir. Tentaram e fracassaram, tantas vezes, resolver seus problemas, que podem sentir-se apavoradas diante da idéia de que alguém de fora quebre o muro “protetor” que as mantêm prisioneiras de um drama.
Mas as famílias com dependência química necessitam da ajuda de profissionais entendidos na área, para desenvolver em si mesmas o desejo, a confiança e a habilidade de intervir na intervir na doença de seus entes próprios comportamentos facilitadores – senão, o trabalho será ineficaz.
OS FACILITADORES PROFISSIONAIS
Os problemas mais comuns à maioria dos profissionais que trabalham com dependentes e suas famílias, incluem:
A falta de conhecimentos objetivos sobre a dependência química e a dinâmica de recuperação;
O ressentimento por serem manipulados. Um dependente químico é mestre na manipulação – o que pode levar o profissional a afastar-se emocionalmente dele;
A sensação de impotência diante do caso – o que pode levá-los a querer evitar o confronto;
A regra do “não falar” associada à cortesia, confidencialidade ou mesmo certa inquietação – até o temor da retaliação legal que possa advir por parte do doente ou de seus familiares;
A negação de seu próprio uso de substâncias químicas ou o uso dessas substâncias por um membro de sua própria família (mesmo que essa pessoa já esteja sóbria ou tenha morrido).
O MÉDICO FACILITADOR
Médicos e outros profissionais da área da saúde podem ser condescendentes demais e facilitar a progressão da dependência química de seus pacientes das seguintes formas:
a)Não se preocupando em obter um histórico confiável do uso de substâncias químicas de cada paciente e/ou cônjuge;
b)Não aprendendo o suficiente sobre a dependência química para reconhecê-la como primária, progressiva, crônica e tratável;
c)Sucumbindo aos comportamentos manipuladores e às agressões verbais dos dependentes;
d)Deixando de comunicar, ao paciente, diagnóstico e prognóstico honestos de sua doença;
e)Receitando-lhe medicação que lhe altere o humor.;
f)Não se aconselhando com especialistas em dependência química (isso ocorre do triste fato de que muitos médicos resistem à idéia de que a dependência química seja uma doença. Seria incomum, no caso de outros problemas de saúde, a resistência em pedir conselhos ou fazer esse tipo de consulta);
g)Aguardando, desejando que o paciente “talvez se reestruture”.
Os médicos habilitados a assessorar a dependência química podem oferecer grande ajuda a seus pacientes. Para evitar a facilitação, médicos e outras pessoas da área de saúde deveriam:
Educar-se sobre os sinais e sintomas da dependência química;
Saber do paciente se ele está preocupado com o uso que faz de substâncias químicas, ou o uso por parte de algum membro de sua família. Se for identificado algum problema, encorajá-lo a falar com alguém do AA ou de um centro de tratamento;
Informar-se sobre recursos de tratamento na sua área. Relacionar-se com especialistas do ramo e usá-los para consultas e avaliações. Complementar os assessoramentos ou diagnósticos formais com recomendações específicas. Se necessário, recorrer a um ultimato;
Deixar claro que a dependência química é uma doença. Os pacientes podem sentir-se mais animados a aceitar a necessidade de tratamento quando descobrem que, há mais de vinte e cinco anos a Associação Médica Americana, a Organização Mundial de Saúde e outras associações de saúde, de renome, reconheceram a dependência química como doença tratável e o tratamento são cobertos por muitas companhias de seguros (nos Estados Unidos).
O PSICOTERAPEUTA FACILITADOR
Muitos dependentes e co-dependentes procuram a ajuda de psicoterapeutas. Infelizmente, existe grande possibilidade de que eles, psiquiatras, assistentes sociais, conselheiros em saúde mental e terapeutas de família, sejam facilitadores profissionais. Os motivos são os mesmos que existem para profissionais de outras áreas, mas há alguns que são específicos dentro do campo do aconselhamento.
Um problema sério é a falta de conhecimentos precisos a respeito da dependência química. Isso fica evidente nas seções sobre “Abuso do Álcool e “Dependência do Álcool no Diagnóstic and Statistical Manual of Mental Disorders (DSM III), a bíblia diagnóstica da profissão de aconselhamento.
Os critérios usados para distinguir entre o abuso e a dependência no DSM III são tão vagos que os diagnósticos profissionais freqüentemente apóiam a tendência natural dos dependentes de minimizar suas situações. Os conselheiros que usam o manual podem muito bem fazer o diagnóstico de um dependente em estágio avançado como se ele fosse um “mero” abusador de drogas. Essas falhas vão aumentando a ilusão, bem difundida entre os profissionais, de que o abuso destrutivo e prolongado da droga não constitui dependência. Como conseqüência, muitos terapeutas facilitam a dependência dos pacientes, diagnosticando e tratando erroneamente o problema que possuem. O erro realmente ocorre porque é difícil obter informações confiáveis dos clientes alcoólatras e farmacodependentes. Um terapeuta pode ter a sorte de ter um cliente que discuta seus sintomas da síndrome de abstinência e o aumento de sua tolerância às drogas, mas é caso raro. Os dependentes geralmente tentam esconder seus sintomas como parte de um sistema complicado de defesas.
Outros problemas comuns aos psicoterapeutas:
A confusão a respeito da primazia de dependência química e a relutância em enfrentá-la como doença e não como um problema de falta de força de vontade;
A omissão em conseguir um histórico preciso do uso de substâncias químicas por parte do cliente ou seu cônjuge;
A opinião errada de que a introspecção será o suficiente para levar o cliente a usar sua substância química de maneira sensata;
A crença de que o cliente deve ser o líder de sua própria terapia; o desconhecimento da negação, das ilusões sinceras, blecautes e outras características de um dependente – e, ainda, o desconhecimento dos sintomas dos familiares dele;
A infeliz disposição de continuar a terapia de dependentes químicos enquanto eles continuem comparecendo às sessões e pagando por elas;
A confiança no tratamento individual. A terapia individual é um método de tratamento com poucas chances de sucesso, a menos que seja combinada com a terapia de grupo e/ou assistência às reuniões de AA ou NA. O apoio e o confronto que caracterizam os grupos são geralmente mais eficientes para os dependentes que o trabalho individual. Um grupo de dependentes químicos tem menos possibilidade de ser ludibriado pelas manipulações de um colega de dependência;
A confiança única e exclusiva na terapia familiar. O conselheiro “pode rapidamente assumir responsabilidade pelo dependente,simpatizar-se com o facilitador,admirar o herói,rejeitar o bode expiatório,ignorar a criança perdida e não levar a sério o mascote – como se ele mesmo fosse um membro da família”. O terapeuta que toma parte da “armadilha da família” tornar-se-á incapaz de reabilitar essa família.
Para ter êxito com dependentes, os terapeutas precisam se educar e for treinado para lidar com esse grupo especial. Deveriam também:
Freqüentar reuniões do AA e do NA e familiarizar-se com dos Doze Passos;
Estar dispostos a encaminhar clientes a interventores e programas de tratamento;
Reunir-se com membros da família de seu cliente, para ajudar no assessoramento, caso haja a possibilidade de que esse cliente seja um dependente;
Colocar um ponto final no tratamento de aconselhamento se perceber que seu andamento está sendo ineficaz ou que ele, terapeuta, está sendo facilitador do cliente. Se a interrupção for necessária mesmo, o cliente deverá ser plenamente informado tanto dos motivos geradores dessa decisão como dos prognósticos do seu caso, além de receber recomendações a respeito de locais ou pessoas a quem pedir auxílio.
OS PATRÕES FACILITADORES
Pessoas quimicamente dependentes raramente deixam a doença em casa: carregam-na consigo onde quer que vá, incluindo o local de trabalho. Dessa forma, os patrões devem preocupar-se com os efeitos da dependência química.
Muito freqüentemente, patrões, gerentes e supervisores permitem, sem querer, que os dependentes continuem a beber ou usar drogas destrutivamente. O patrão que afirma “não tenho nada a ver com isso” vai ficar parado, olhando, enquanto recursos humanos preciosos – e os lucros que resultam deles – vão sendo perdidos. Na verdade, faz parte da boa administração fornecer assistência a empregados quimicamente dependentes. O alcoolismo e o uso de drogas prejudicam o desempenho no trabalho e baixam a produtividade em qualquer organização. Na maioria dos casos, a despesa com o programa de reabilitação de um empregado quimicamente é menor do que a de demiti-lo e de ter de treinar um novo.
Exemplos de facilitação por parte dos patrões e gerentes:
Ignorar comportamentos estranhos, atrasos, trabalho negligente, horários de almoço prolongados e outros sintomas;
Assumir responsabilidades dos dependentes para diminuir sua carga de trabalho;
Evitar confrontação;
Esperar por uma mudança;
Dizer aos empregados, de maneira sutil ou direta, que o alcoolismo e/ou a dependência química são motivos automáticos para a demissão. A força de vontade sozinha não leva à recuperação. Se os empregados não têm certeza de que seu emprego espera por eles após o fim do programa de tratamento, é menor a possibilidade de que aceitem ser necessário submeter-se a ele. ; Deixar de oferecer qualquer tipo de Programa de Assistência ao Empregado;
Reconheçam que o alcoolismo e o uso de drogas prejudicam o desempenho e provoquem grande sofrimento aos dependentes e suas famílias. Os patrões devem reconhecer também que os problemas dos dependentes afetam negativamente outros empregados;
Confrontem os empregados dependentes e ofereçam-lhes apoio para o trabalho adequado. Devem notificar a esposa ou outros membros da família, tentando envolvê-los no processo de assessoramento, encaminhamento ou de intervenção;
Tomem medidas disciplinares,quando necessário,para forçar o dependente químico a reconhecer seu problema;
Forneçam tratamento apropriado e apoio institucional a supervisores encarregados da implementação dos Paes. A política de aplicação desses programas ficará no papel se as pessoas responsáveis por eles não estiverem motivadas e não e sentirem apoiadas por seus superiores;
Evitem que a gerência e os sindicatos desenvolvam tensões em torno da política e dos procedimentos dos Paes. Os dependentes, às vezes, jogam o sindicato contra a gerência como uma forma de se protegerem contra a necessidade de tratar de seu problema;
Certifiquem-se de que os Paes foram adequadamente planejados, de forma a poder ajudar empregados em todos os níveis, dos executivos aos escalões mais subalternos.

O PAPEL DAS ESCOLAS
Qualquer esforço para ajudar alcoólatras e usuários de drogas nas escolas devem começar com o compromisso da direção no sentido de organizar um programa abrangente que inclua um PAE. Para alguns administradores, pode não estar clara a ligação do problema de dependência entre professores com problema semelhante entre os alunos; mas a verdade é que todo sistema escolar tem professores ou membros da equipe que são usuários tanto de álcool como de outras drogas – e isso é percebido por seus colegas e alunos. Estudantes e comunidade escolar precisam perceber que as escolas estão “tratando dos seus” antes de aceitar um programa de ajuda aos alunos.
Os professores precisam tomar conhecimento de seus próprios comportamentos facilitadores. Muita facilitação por parte dos professores acontece devido à falta de consciência de que existe o problema – ou devido à falta de consciência de que existe o problema – ou devido ao medo de criar outros. A maioria dos professores está despreparada para lidar com jovens dependentes porque muitos estão em uma posição privilegiada para reconhecer o problema e incentivar os jovens a procurar ajuda. Esses professores poderiam observar o comportamento dos estudantes na sala de aula,pátios de intervalos,refeitórios –e,mesmo não sendo médicos,terapeutas,conselheiros ou pais de seus alunos.
Se sensibilizar para reconhecer os sinais básicos e óbvios do abuso de drogas e álcool;
Deixar bastante claro ao estudante e à sua família, que sabem que ele está se drogando, recomendar avaliação e ajuda profissional;
Se reunir com pais, amigos, conselheiros da escola e peritos de dependência química para intervir;
Se atualizar sobre os recursos existentes na comunidade, a fim de fazer encaminhamentos apropriados.



A INTERVENÇÃO ORIENTADA: A TÉCNICA
A intervenção orientada não é um evento isolado. É um processo que envolve muitos estágios. A intervenção verdadeira, programada, terá maior êxito se houver um planejamento cuidadoso e um seguimento eficaz. Mas, antes de se dar qualquer outro passo, é necessário que um assessoramento detalhado defina se, para uma determinada família, uma intervenção seria indicada.
O ASSESSORAMENTO
O assessoramento começa durante a primeira conversa entre o interventor e um ou mais membros da família ou pessoas interessadas. Ao fazer o assessoramento, o interventor deve considerar minuciosamente as seguintes questões:
1)As informações (os dados) fornecidas pelas pessoas envolvidas indicam realmente que o indivíduo em discussão é dependente;
2)O que motiva os interventores? Agem por amor e preocupação ou tem motivos ulteriores que poderiam tornar a intervenção um caminho arriscado e até perigoso a tomar;
3)Teriam as pessoas envolvidas forças de propósito e estabilidade emocional suficientes para levar avante o processo sugerido da intervenção orientada;
4)Estariam algumas, ou todas as pessoas envolvidas, dispostas a se tratarem após a intervenção;
5)Estaria à família disposta, a levar avante as “tarefas de casa”, como leitura e o comparecimento a reuniões de AA e Al-Anon;
6)Os membros da família considerarão cuidadosamente – e procurarão conhecer, se forem o caso – programas de tratamento que poderiam ser apropriados para o dependente;
7)A meta da família é simplesmente fazer uso da intervenção como um meio de levar o dependente a interromper as drogas, ou existe reconhecimento por parte dos co-dependentes da necessidade de tratamento e pós-tratamento? Deve ficar claro que as intervenções não visam a um cessar do uso de substâncias químicas. A meta das intervenções é motivar os dependentes e suas famílias a iniciar o processo de recuperação através do tratamento.
Durante o assessoramento, um membro da família poderá descrever o abuso físico ou sexual que vem acontecendo na família. Se o interventor confirmar, através de questionário direto e objetivo, que de fato está ocorrendo algum tipo de violência, deve-se:
Explicar à família que os profissionais de serviços humanos são obrigados por lei a relatar a situação ocorrida ao departamento de serviços sociais do Estado, ou à delegacia do menor, e fazê-lo.
Oferecer apoio às vítimas do abuso e encorajar o indivíduo ou a família a confrontar-se com o interventor, com a ajuda de alguém treinado;
Determinar o momento adequado para a intervenção de dependência química. Deve ela ser adiada até que não existam mais os ataques físicos ou sexuais? Ou será que existe pouca esperança de deter o abuso enquanto o abusador ainda estiver fazendo uso de álcool e drogas?Estarão os membros da família em perigo imediato? A questão prioritária é a segurança da família. O interventor deve determinar se é apropriado o encaminhamento para um abrigo.
PREPARANDO-SE PARA A INTERVENÇÃO
EDUCANDO A FAMÍLIA
Antes de tudo, a família precisa ser educada para que os co-dependentes entrem na intervenção – e mais tarde se tratem – com uma compreensão da dinâmica da dependência que eles desejam combater. Provavelmente terão de se desfazer de suas antigas convicções sobre a dependência química para, então, aprender conceitos que serão importantes ao êxito da intervenção e do tratamento subseqüente. Os pontos seguintes dever ser revisados cuidadosamente com a família:
A dependência química possui sintomas previsíveis e é doença tratável, não um problema moral ou o resultado de fraqueza de vontade de alguém;
Salvo em casos raros, os dependentes são incapazes de iniciar sua própria recuperação. Quanto mais doentes ficam, menor será a probabilidade de eles buscarem tratamento;
A doença não é problema exclusivo do doente. A vida de um co-dependente é tão ingovernável quanto à do dependente. Os co-dependentes são verdadeiramente impotentes perante o comportamento do usuário de substâncias químicas;
Os co-dependentes precisam realmente desejar mudar seus comportamentos facilitadores em relação ao usuário da droga. Precisam estar dispostos a participar de um programa de recuperação.;
A recuperação é um processo para a vida toda. A intervenção orientada é tão somente o início desse processo, mas, por si só, não é suficiente.
Ainda que a intervenção fracasse em sua tentativa de conduzir o dependente a um tratamento, ela pode ser o início da recuperação dos outros membros da família. O processo lhes oferece real oportunidade de compreender e desistir de comportamentos facilitadores, e de começar a construir relacionamentos mais saudáveis.
ESCOLHENDO A EQUIPE DE INTERVENÇÃO
A discussão dos critérios seguintes pode ser usada para determinar se algum indivíduo, adulto ou jovem, deve ou não fazer parte de uma equipe de intervenção:
Esse indivíduo preocupa-se realmente com o dependente;
Essa é pessoa significativa na vida do dependente? O envolvimento pode ser emocional, na área financeira, espiritual ou psicológica;
O indivíduo é capaz de seguir as regras básicas da intervenção ou existe o perigo de que comprometa o processo com explosões de raiva, perguntas inapropriadas ou desvios de um conjunto de procedimentos que foram pré-estabelecidos;

Essa pessoa tem informações específicas que serão úteis na intervenção? Pode ocorrer o fato de que determinada pessoa que não possua informações objetivas sobre o dependente seja incluída na equipe e, nela, exerça importante função.
ESCOLHENDO O DIA E A HORA
Alguns fatores devem ser considerados ao programar o dia e a hora da intervenção:
É extremamente importante que o dependente esteja sóbrio e não drogado durante a intervenção. O fato de alguns dependentes usarem substâncias químicas quase que continuamente pode apresentar problemas logísticos. A manhã, depois de uma noite especialmente ruim, pode ser o momento ideal, e os co-dependentes devem prever essa situação;
Às vezes, há uma hora específico do dia e um dia específico da semana para a entrada dos doentes num centro de tratamento. A escolha desta data deve ser planejada. Seria imprudente, por exemplo, marcar uma intervenção para uma sexta à tarde, se o centro de tratamento não pudesse receber o dependente até a segunda-feira seguinte. O ideal é que não se passe muito tempo entre a intervenção e o tratamento; melhor seria que o dependente fosse levado diretamente da intervenção para o tratamento;
Os membros da equipe devem prever tempo necessário tanto para a intervenção como para a reunião pós-intervenção. O tempo total ideal costuma ser de pouco menos de três horas.
LEVANDO O DEPENDENTE ATÉ A INTERVENÇÃO
Os membros da família costumam ter a preocupação de não conseguir levar o dependente até a intervenção. A maioria dos conselheiros, porém, concorda que a pergunta não deva ser se vão conseguir levá-lo e, sim, como vão conseguir levá-lo. Uma vez que a equipe de intervenção esteja pronta e preparada, uma solução pode ser encontrada.

Muitos dependentes que se tratam como resultados de uma intervenção relatam não terem se surpreendido tanto quando confrontados. Um dos motivos é que, no processo de preparação para a intervenção, os membros da equipe, muitas vezes, desistem de alguns de seus comportamentos facilitadores. Não tentam mais controlar o uso de drogas ou de álcool por parte do dependente, nem mesmo protegê-lo das conseqüências desse uso. Alguns dependentes reconhecem esses indícios e desconfiam que algo esteja acontecendo.
A seleção de um programa de tratamento requer pesquisa e consideração cuidadosa. O interventor deve conversar com os membros da família a respeito de suas expectativas e explicar-lhes as opções disponíveis de tratamento.
Já foi demonstrado que a terapia individual raramente dá resultados para o dependente químico. O apoio e o confronto de um grupo oferecem melhor chance de recuperação. O interventor deve explicar que o tratamento para a dependência química é uma terapia especializada. As metas são:
Primeiro, ajudas os dependentes a encarar o fato de que suas vidas se tornaram ingovernáveis em conseqüência do uso de álcool ou drogas, e que são verdadeiramente impotentes para controlar a substância química. Este é também o Primeiro Passo do Programa dos Dozes Passos dos Alcoólicos anônimos (AA);
Segundo, o programa tenta motivar os dependentes a sarar;
Terceiro, ele mostra quais as “ferramentas de recuperação” necessárias a uma abstinência continuada. Os programas de maior êxito combinam educação, terapia de grupo, aconselhamento individual e apresentação do dependente e sua família às irmandades do AA, Alan e outros grupos de auto-ajuda apropriados;
Finalmente, o tratamento deve oferecer uma estrutura que ajude a estabelecer padrões saudáveis de vida. Programas de exercício físico e nutrição podem ser sugeridos. Ioga, meditação e terapias de controle do estresse, terapias de expressão como psicodrama, tudo isso pode aprimorar os serviços oferecidos pelo programa. Porém, é importante deixar claro que, antes de mais nada, o sucesso do tratamento decorrerá da capacidade do dependente de manter-se sóbrio.


INTERVENÇÕES DE EMERGÊNCIA
Embora as intervenções orientadas sejam geralmente,realizadas apenas após cuidadoso preparo,existem algumas circunstâncias que exigem intervenções de emergência:
Quando o dependente for trazido à sala de emergência do hospital em conseqüência de acidente, overdose ou tentativa de suicídio, sobretudo se houver evidência de que, sem tratamento imediato, ele possa ter de enfrentar uma síndrome de abstinência fatal;
Quando o dependente está sendo desintoxicado. Uma intervenção pode ser necessária para interromper a chamada “síndrome da porta giratória” do Centro de Desintoxicação. Diz-se isso nos casos em que o paciente fica entrando e saindo da clínica,pois uma desintoxicação que não seja seguida por um tratamento não passa de uma pequena parada na descida inevitável que o leva à morte;
Quando o dependente foi preso ou detido por autoridades policiais, ou como resultado de uma infração legal ou por necessidade de uma avaliação emergencial de sua saúde mental;
Quando se deflagra uma crise doméstica, sobretudo se houver perigo para algum membro da família;
Por qualquer um desses motivos, um profissional pode ser chamado ou por um co-dependente ou por um policial. O interventor deverá resolver as seguintes questões:
Será essa pessoa um dependente químico;
Será possível reunir, muito rapidamente, uma equipe de intervenção, mesmo se composta apenas de uma ou duas pessoas próximas do dependente;
Terão os familiares, ou outros, força suficiente para convencer o dependente a aceitar de imediato o tratamento?


Intervenções de emergência bem sucedidas também são realizadas em salas de emergência de hospitais. Quando isso, acontece,é necessário que a equipe de intervenção seja determinada e tenha alavancagem suficiente para agir rapidamente.

PARA AS FAMÍLIAS: ESCOLHENDO O MELHOR INTERVENTOR
Interventor treinado vem de muitos campos. Alguns são consultores profissionais em dependência química; outros são psicólogos, assistentes sociais ou especialistas em assistência a empregados.
É de a maior importância trabalhar com alguém em quem você confia. Assim, convém conversar com vários indivíduos antes de fazer sua escolha.
Um interventor credenciado deve obedecer aos seguintes critérios:
Ver a dependência química como uma doença tratável, caracterizada por certas defesas e ilusões que tornam o dependente incapaz de recuperar-se sem ajuda externa. Evite interventores que considerem a dependência química um problema moral ou uma questão de falta de força de vontade;
Compreender a necessidade de incluir várias pessoas no processo de intervenção. O dependente achará difícil desprezar fatos e preocupações que estão sendo compartilhados por várias pessoas e, conseqüentemente aceitará com mais facilidade a idéia de entrar em tratamento. Além do mais, a intervenção é o início da recuperação de toda a família. Não aceite ajuda de um interventor que queira trabalhar com o dependente sozinho ou apenas com seu cônjuge;
Como já dissemos, uma intervenção orientada é mais do que um confronto programado. Trata-se de um processo que engloba assessoramento e planejamento e continua no tratamento. Escolha um interventor que reconhece a necessidade de uma preparação cuidadosa. Evite interventores que acham que podem “improvisar a medida da necessidade”;
Estar consciente de que o objetivo fundamental da intervenção não é convencer o dependente a deixar de usar álcool ou demais drogas; e, sim, a se tratar;
Estar familiarizado, como profissional no campo da dependência química, com as várias opções de tratamento existentes; conhecer bem o AA, Al-anon, o NA e outros grupos apropriados de auto-ajuda. Assegure-se de que seu interventor não esteja simplesmente à busca de clientes particulares ou que esteja encaminhando pacientes a um programa particular de tratamento.
Ser alguém que saiba ouvi-lo, e compreenda como tem sido seu relacionamento com o dependente.
OS DOZE PASSOS
(1º) Admitimos que fossem impotentes perante o álcool – que tínhamos perdido o domínio sobre nossas vidas;
(2º) Viemos a acreditar que um Poder Superior a nós mesmos poderia devolver-nos à sanidade;
(3º) Decidimos entregar nossa vontade e nossa vida aos cuidados de Deus, na forma em que O concebíamos;
(4º) Fizemos minucioso e destemido inventário moral de nós mesmos;
(5º) Admitimos, perante Deus, perante nós mesmos e perante outro ser humano, a natureza exata de nossas falhas;
(6º) Prontificamo-nos inteiramente a deixar que Deus removesse todos esses defeitos de caráter;
(7º) Humildemente, rogamos a Ele que nos livrasse de nossas imprfeições;
(8º) Fizemos uma relação de todas as pessoas que tínhamos prejudicado e nos dispusemos a reparar os danos a elas causados;
(9º) Fizemos reparações diretas dos danos causados a tais pessoas, sempre que possível, salvo quando fazê-lo significasse prejudicá-los ou a outrem;
(10º) Continuamos fazendo inventário pessoal, e quando estávamos errados, nós o admitíamos prontamente.
(11º) Procuramos através da prece e da meditação, melhorar nosso contato consciente com Deus,na forma em que O concebíamos,rogando apenas o conhecimento de sua vontade em relação a nós e forças para realizar essa vontade;
(12º) Tendo experimentado um despertar espiritual, por meio destes passos, procuramos transmitir esta mensagem aos alcoólicos e praticar estes princípios em nossas vidas.
(Reproduzidos com a permissão de Alcoholic Anonymous World Services Inc. Nova York, N.Y.)
QUESTIONÁRIO
SOU UM DEPENDENTE?
1)Perco tempo de meu trabalho por causa do bebida/do uso de drogas?
2)Beber/usar drogas está tronando infeliz a minha vida em casa?
3)Bebo/uso drogas por ser tímido com os outros?
4)Beber/usar drogas está afetando minha reputação?
5)Já senti remorsos após beber/usar drogas?
6)Tenho tido dificuldades financeiras como resultado de beber/usar drogas?
7)Procuro companheiros e ambientes inferiores ao meu quando estou bebendo/usando drogas?
8)Beber/usar drogas faz com que eu me torne negligente em relação ao bem estar de minha família?
9)Minha ambição diminuiu desde que comecei a beber/usar drogas?
10)Tenho vontade de beber/usar drogas todos os dias, em horas determinadas?
11)Na manhã seguinte, tenho vontade de beber/usar drogas?
12)Beber/usar drogas está prejudicando meu sono?
13)Minha eficiência diminuiu desde que comecei a beber/usar drogas?
14)Beber/usar drogas está prejudicando meu trabalho ou meus negócios?
15)Bebo/uso drogas para fugir das preocupações e dos problemas?
16)Bebo/uso drogas sozinho?
17)Já tive uma perda total de memória em conseqüência de ter bebido/usado drogas?
18)Meu médico já me tratou por causa da bebida/uso de drogas?
19)Bebo/uso drogas para fortalecer minha autoconfiança?
20)Alguma vez estive em um hospital ou outra instituição por causa de bebida/uso de drogas?
(Questionário adaptado do que é usado pelo John Hopkins University Hospital de Baltimore, Maryland)
ESTOU SENDO AFETADO PELO USO QUE ALGUÉM PRÓXIMO
A MIM FAZ DE ÁLCOOL OU DROGAS?
1)Preocupo-me muito ou perco o sono porque alguém está bebendo?
2)Escondo o fato de que alguém anda bebendo, dou desculpa ou conto mentiras quando o bebedor é irresponsável, falta ao serviço porque está com ressaca (que eu chamo de “gripe”) ou esquece compromissos?
3)Banco o detetive, procurando objetos comprometedores ou garrafas, lendo cartas ou escutando conversas telefônicas na extensão?
4)Escondo, esvazio ou jogo fora as garrafas?
5)Faço ameaças do tipo: “Se você não parar de beber, saio de casa” - e depois deixo sempre de cumpri-las? Ou extraio promessas do bebedor/usuário que, eu sei, ele não vai cumprir?
6)Culpo outras pessoas e situações – uma juventude infeliz, uma rejeição, más companhias, o serviço militar, uma frustração no emprego – pelo comportamento do bebedor/usuário de drogas?
7)Às vezes me sinto culpado (a) ou responsável pelo fato de o dependente estar bebendo/usando drogas?
8)Estou começando a me afastar de amigos e deixando de sair de casa porque alguém está bebendo/usando drogas?
9)Tenho sofrido mudanças de humor – solidão, mágoa, raiva, medo, culpa, até mesmo depressão – porque alguém está bebendo/usando drogas?
10)Tenho assumido responsabilidades ou dívidas que eram anteriormente assumidas pelo bebedor/usuário de drogas?
11)Meu relacionamento – sobretudo se for um relacionamento íntimo – está sendo afetado por sentimentos de repulsa?
12)Estou andando numa corda bamba emocional, tentando dissimular minha inquietação interior sob uma aparência exterior de calma, para evitar que o bebedor/usuário de drogas caia na terra?
13)Tenho pavor de fazer viagens de férias e até mesmo de sair à noite, por medo do que a pessoa possa fazer se beber demais?
14)Acho que se o bebedor/usuário de drogas me amasse de verdade pararia de beber?
15)Se o bebedor/usuário de drogas é meu cônjuge e tenho filhos, eles também estão dando sinais de reagir a essa situação afastando-se, ficando rebeldes ou sexualmente promíscuos ou envolvendo-se com drogas e álcool? Ocorre de, às vezes, os filhos tomarem partido, colocando-se do lado do bebedor ou do meu lado?
16)Tenho sofrido fisicamente, em meu lar, devido ao estresse? Tenho sentido tensão muscular, tremores, náusea, câimbras estomacais, pressão alta, erupções na pele, enxaquecas, muita ou pouca fome?
17)Desconto minhas frustrações nos seres ao meu redor – filhos, amigos, sócios ou animais de estimação – e depois me sinto culpado (a)?
18)Tem aumentado as discussões em casa sobre dinheiro, falta de responsabilidade ou uso de bebidas e drogas?
19)Estou convencido (a) de que, se o uso de bebidas ou drogas parasse tudo ficaria bem?
20)Sinto-me desamparado (a), desesperançado (a), derrotado (a) a, exausto (a)?
(Do livro Please don’t do nothing por Pat Neyer, Jane Thomas Noland e Gary Swedberg, 1984)
Se você respondeu SIM a uma ou mais perguntas, num desses dois questionários, talvez seja o caso de consultar um profissional que entenda de dependência química.
Bibliografia: DO DESESPERO À DECISÃO – LOUIS KRUPNICK/ELIZABETH KRUPNICK